Aprendi ainda criança a famosa frase: “Quem tem com o que me pague não me deve nada”. O comerciante Daniel Gomes, pivô das denúncias publicadas na Revista Época sobre suposto calote da prefeitura no processo de aquisição de livros didáticos em 2010, parece que também.
Ao assinar denúncia alegando que a prefeitura de João Pessoa não pagou os R$ 2,3 milhões referentes à licitação para compra de livros didáticos e cobrando na Justiça o pagamento sob acusação de calote, Daniel adota a regra de que é melhor cobrar de quem pode pagar do que daquele que não pode.
Na denúncia, Daniel Gomes declara que a prefeitura de forma deliberada resolveu fechar todo o negócio com seu sócio Pyetro Harley Dantas, ambos da New Life Distribuidora de Livros.
Ele se esquece, no entanto, que a prefeitura de João Pessoa tratou de cumprir os acordos com o sócio da New Life que o próprio Daniel Gomes sugeriu, conforme atesta procuração assinada no dia 1º de março de 2010, no Cartório Fernando Souto Maio, em Campina Grande.
Na procuração, Daniel confere todos os poderes para Pyetro representá-lo em todas as esferas, inclusive federal. E registra que o capital social da empresa é de R$ 20 mil, sendo 50% para cada um dos dois sócios.
A prefeitura de João Pessoa, em sua defesa, revela que pagou à empresa em nome da pessoa que o próprio Daniel Gomes destinou, em procuração, para pagar: se o dinheiro não chegou em suas mãos é uma questão de litígio entre os sócios.
A prefeitura de João Pessoa, ou qualquer outro ente público, é que não pode pagar duas vezes pelo mesmo serviço.
Ao que parece, portanto, é que, bem ou mal intencionado, Daniel resolveu fazer do problema societário, algo que realmente tira qualquer cidadão do sério e do pleno exercício de suas faculdades mentais, uma denúncia política a fim de chamar a atenção para o seu problema.
Preferiu cobrar da prefeitura de João Pessoa, que é quem pode pagar por algo tão caro, do que do ex-sócio, que não teria renda para fazê-lo.
A revista Época, certamente, vai incluir em sua investigação tal documento ao se aprofundar no material. Isso, claro, se estiver publicando uma matéria sem a inspiração e torcida oposicionista que estimula a denúncia de Daniel.
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Luís Tôrres