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sexta-feira, 24 de maio de 2013

Um Novo Cícero?






















No embalo do pensamento de Heráclito, para quem nenhum homem toma banho duas vezes 
no mesmo rio, porque nem o homem nem o rio continuam o mesmo, alguém já disse que
 “ninguém é tão diferente de outra pessoa quanto é de si mesmo em diferentes momentos 
de sua trajetória pessoal”.     

Prestes a dar outro mergulho eleitoral, o senador Cícero Lucena (PSDB) mostrou que pode
não fugir à regra segundo a qual "a única coisa permanente é a mudança". Hoje, em entrevista
ao programa de Adelton Alves e Edmilson Pereira, na Arapuna FM, adotou um tom bem menos
 “radical” quando à possibilidade de ser indicado candidato ao Senado na chapa do governador
 Ricardo Coutinho (PSB).
Não que tenha afirmado isso claramente. Não que esteja desejando isso. Ainda defende
racional e emocionalmente uma candidatura do senador Cássio Cunha Lima ao governo do Estado,
 a fim de que, além de cortar o cordão que liga o PSDB do PSB, possa subir num palanque sem
ter que dar tantas explicações a si mesmo e aos outros.
Porém, diante do cenário que se forma, Cícero revela que o homem é sim um ser em
 permanente transformação.
 “Assim como defendo uma tese de candidatura de Cássio, não serei radical caso essa minha
 tese seja derrotada. Sou um político e participo de um partido que toma as decisões de forma
democrática e, se democraticamente essa for à decisão da maioria, nós não podemos ser radicais,
pois da mesma maneira que eu quero que minha opinião seja ouvida, eu também tenho que ouvir
a opinião dos outros, mas eu tenho certeza que a voz das ruas será ouvida e Cássio será o candidato
 ao Governo do Estado e estaremos disputando o Senado ao seu lado”, disse.
Uma das falas mais amenas sobre o tema que o tucano protagonizou até agora. Por isso, ganhou
facilmente às manchetes da imprensa local.
Condiz, inclusive, com uma frase que soltou em Brasília, neste final de semana, durante almoço
 após convenção nacional do PSDB.
Dividindo mesa com este blogueiro - que já havia insinuado que o senador ainda se move com ódio a
Ricardo Coutinho - e outros comensais, Cícero mencionou o discurso do governador Marconi Perilo
(PSDB-GO), que chamou Lula de “canalha”, tamanha a raiva que tem do ex-presidente petista.
Ao ser provocado que, apesar de tudo, nunca tinha feito o mesmo com o governador Ricardo
Coutinho, Cícero disparou sorrindo: “Prova que eu não tenho tanta raiva assim”.
O problema desse suposto “novo Cícero”, que poderia finalmente permitir ao PSDB atingir uma unidade,
 é que, por incrível que pareça, no lugar de ajudar a composição da aliança PSDB e PSB, se desejar
fazer parte do bolo, poderá atrapalhar mais do que ajudar. Isto porque o PSB pode torcer o nariz
se for obrigado a ter o tucano na chapa e o PSDB de Cássio e de Ruy Carneiro ter dificuldades
de fazer outras e novas indicações.
É irônico, mas o antigo sonho da unidade no PSDB na Paraíba não é tão desejado agora.
Como já foi dito, além do homem, o rio também muda.

Luís Tôrres



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