Quem quiser encontrar lógica na política vai morrer tentando. A política de exata só tem mesmo a incerteza. Sofrendo relativa descrença com sua reeleição diante de uma disputa eleitoral em João Pessoa, o prefeito Luciano Agra triplicou de tamanho ao renunciar da candidatura.
Ficou forte como nunca a partir do momento que disse que não entraria na briga.
Nunca se viu tanta aceitação, confiança e torcida pela capacidade do arquiteto que virou prefeito. Nas redes sociais, nas ruas e na mídia, há sensação de “queremismo” refletindo o tom de que Agra era o melhor nome do grupo.
Um paradoxo sem tamanho. Ora, e por que não havia tal confiança antes da renúncia?
Numa analogia da vida privada, é como o cara que quer se separar há anos por não mais suportar a esposa, mas não tem coragem de tomar a iniciativa. De repente, a mulher diz: “Vou embora!” E o cara se desespera: “Não, pelo amor de Deus, não!”.
É o que está acontecendo. Psicologia ou não, o fato é que Agra nunca se viu, durante toda sua trajetória, tão bem aceito e conceituado pela sociedade quanto agora. A própria condição franciscana de renunciar o direito a ficar mais quatro anos com a caneta de prefeito o confere um ascetismo digno dos santos.
Além disso, ele entra pra história com um gesto que poucos, ou ninguém, tem.
É claro que Agra acordou mais leve hoje. Tirou de si o peso de ser um “bom candidato”. Logo ele que quer ser apenas “um bom prefeito”. A gestão só tende a ganhar com isso. E o projeto, por tabela, também.
Todo esse patrimônio não poderá, portanto, ser desperdiçado. Pra ajudar ao grupo a dar continuidade, não bastará a Agra renunciar à candidatura. Ele tem que mergulhar, como fez hoje em Coqueirinho no primeiro de “férias das eleições de 2012”, no processo de escolha, indicação e afirmação do novo candidato.
Se Agra não colocar a mão na cabeça do escolhido, o escolhido terá dificuldades de avançar em João Pessoa.
Aliás, caberá ao prefeito, mais do que o próprio Ricardo Coutinho, atuar no sentido de apagar arestas internas e estimular apoio integral e uno à candidatura do novo candidato.
È ele que dispõe hoje de uma boa relação com uma dúzia de partidos e de lideranças políticas. É pra elas que Luciano Agra tem que se dirigir pra canalizar as energias em favor do sucessor.
Paradoxalmente, Agra acabou não servindo para ser o candidato do grupo, mas se torna imprescindível para fazer o grupo ter sucesso com um novo candidato.
Luís Tôrres
Nenhum comentário:
Postar um comentário