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terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

PT e PSB articulam aliança para chapa de Haddad

Uma operação política em curso nos bastidores da sucessão da Prefeitura de São Paulo pode provocar uma reviravolta no jogo eleitoral e arrefecer a resistência do PT a uma composição com o prefeito Gilberto Kassab, criador e presidente do PSD. A ideia, já debatida entre três grandes articuladores políticos – o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, e Kassab – é atrelar o PSB paulistano à candidatura do ex-ministro Fernando Haddad, com a indicação de um vice do partido que tenha a concordância e aval de Kassab.

Oficialmente, nenhum dos lados admite abertamente a negociação. Dirigentes do PSB nacional afirmam que a costura de alianças na capital ainda está em processo e que passa por conversas com o presidente estadual da sigla, Márcio França – secretário estadual de Turismo do governo do tucano Geraldo Alckmin. No PT o assunto já circula entre a cúpula. No PSD, Kassab, por ora, insistirá na indicação de um vice numa aliança com o PT.

A saída política geraria dividendos políticos a todos os lados. Kassab conseguiria fechar a aliança com o PT sem exposição direta do PSD e sem ouvir os gritos da militância petista. Mas, em troca, teria de assegurar uma vaga na chapa petista por um cargo majoritário em 2014 – ou vice-governador de São Paulo ou senador –, isso sem contar a possibilidade de uma vaga futura no ministério da presidente Dilma Rousseff para ele próprio ou um expoente do PSD.

Para Eduardo Campos, a saída política na capital abriria portas ao projeto nacional do governador, que quer se aproximar cada vez mais do PT e se cacifar como uma possibilidade para vice de Dilma Rousseff em 2014 ou para tentar um voo solo em 2018. Segundo petistas envolvidos nas discussões, “vale lembrar que o PMDB de Michel Temer vai lançar candidatura própria na capital paulista com Gabriel Chalita (ex-tucano) e, num eventual segundo turno, o partido pode cair no colo de Geraldo Alckmin”.

Sob o ponto de vista do PT, uma aliança com o PSB seria extremamente lucrativa, sobretudo porque mina alianças do partido com os tucanos no Estado de São Paulo. Além disso, os petistas amarrariam o apoio de Kassab a Haddad sem provocar traumas na militância, que resiste fortemente à união com o PSD.

Vice. Uma eventual aliança com o PSB começou a ser traçada no dia 23 de janeiro, quando Eduardo Campos visitou Lula em São Paulo. O petista faz tratamento contra o câncer de laringe no hospital Sírio-Libanês. O Estado apurou que a proposta foi feita pelo governador ao ex-presidente e que estaria vinculada, obviamente, à anuência de Kassab. Eduardo Campos aproximou-se do prefeito de São Paulo na ocasião da criação do PSD. Num primeiro momento, ambos chegaram inclusive a cogitar uma fusão das duas siglas.

O governador teria já começado a debater o assunto da aliança na capital com Kassab, ainda que seja prematuro qualquer passo neste momento.

Se fechar uma aliança com o PT, Kassab terá dificuldades para indicar um nome da legenda para vice de Haddad. O vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, só aceita uma composição com o PSDB. O ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, mais palatável ao PT, recusa-se terminantemente a aceitar a missão.

O nome cogitado por Kassab até o momento é o de Alexandre Schneider, secretário municipal de Educação. A militância do PT, porém, não aceita a indicação.

‘Pouco provável’. Questionado pelo Estado sobre as conversas em curso, o secretário estadual do PSB, Márcio França, afirmou que tal cenário é “muito pouco provável”. “O diretório estadual do PSB tem forte relação com o PSDB. Qualquer negociação tem que ser conduzida pelo Eduardo Campos. Não vejo empecilho (para uma aliança com o PT na capital), mas é pouco provável. Acabamos de fechar com o PSDB em Campinas”, pondera. França admite, porém, que “Kassab é um parceiro para o futuro do Eduardo Campos e do PSB”.

Segundo o presidente municipal do PT, vereador Antonio Donato, “as conversas com o PR e com o PSB têm sido muito promissoras”.

Estadão

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