Em meio crise com a AL, Ricardo abre portas da Granja pra Gervásio Filho

Pra quem acredita na magia do Natal, pode-se dizer que se trata do clima que o período inspira. Mas, de fato, a visita nesta quarta-feira do líder do PMDB na Assembleia Legislativa, Gervásio Filho, membro do alto clero da oposição, ao governador Ricardo Coutinho (PSB) revelou uma cena que vai além do que os olhos da política capturam.

 

Acompanhado por cinco prefeitos, dois deles eleitos para a próxima gestão, o líder oposicionista foi recebido pelo governador na Granja Santana como se fosse um aliado. Foi pedir providências em nome de três municípios, Belém, Tacima, Logradouro, que vem sofrendo com sérios problemas de abastecimento de água há 15 dias, após problemas em barragem que abastece a região.

 

Entre os prefeitos, Roberto Flávio, de Belém, primo do presidente da Assembleia, Ricardo Marcelo (PEN), além de Betinho Alves, de Logradouro e os eleitos, Edgar Gama, Erivan Bezerra e Célia Maria.

 

Apesar da pauta administrativa, e de extrema urgência e relevância social, não foi possível desassociar o encontro do contexto político atual. A presença de Gervásio Filho (PMDB), principal voz da oposição, na Granja Santana em meio a crise política travada entre o Poder Executivo e o Poder Legislativo, supõe ingredientes para várias discussões.

 

E mexerá com muita gente.

 

Não antes de revelar aquilo que deveria ser visto como natural na Paraíba, mas que, infelizmente, ainda é motivo de “grandeza”. Deveria ser ato corriqueiro um deputado oposicionista, fora do palanque, recorrer ao governador para apelar diretamente em favor da população. E o governador abrir as portas do governo para ouvir e construir junto com o adversário a solução para tais problemas.

 

Seria sonhar com uma maturidade política que iria conferir à Paraíba evolução em todos os sentidos.

 

Enquanto não chegamos a isso, e cenas como a de hoje continuem raras, estaremos sempre prontos pra especular politicamente sobre uma pauta que teve o caráter administrativo.

 

Especialmente por ser no mesmo dia em que o governador Ricardo Coutinho (PSB) declarou, em entrevista à emissora de rádio, ao falar sobre tamanho de bancadas, “que pode ter menos ou pode ter mais e que deputado vai para um lado, mas também vai para o outro”.

 

Luís Tôrres